"Os gatos", de Charles Baudelaire
Os férvidos amantes e os austeros sábios
Na idade madura, ambos sabem amar
Os gatos fortes, meigos, orgulho do lar,
Que, tal como eles, são friorentos, sedentários.
Amigos da volúpia e também da ciência,
Procuram o horror das trevas, o silêncio;
E tê-los-ia o Érebo por corcéis fúnebres
Se um dia à servidão dobrassem o orgulho.
Adoptam ao sonhar as nobres atitudes
Das esfinges deitadas nos confins do mundo,
Parecendo adormecer no seu sonho sem fim;
Há mágicas centelhas nos seus rins fecundos
E alguns farrapos de oiro, alguma areia fina,
Estrelando vagamente as místicas pupilas.
Na idade madura, ambos sabem amar
Os gatos fortes, meigos, orgulho do lar,
Que, tal como eles, são friorentos, sedentários.
Amigos da volúpia e também da ciência,
Procuram o horror das trevas, o silêncio;
E tê-los-ia o Érebo por corcéis fúnebres
Se um dia à servidão dobrassem o orgulho.
Adoptam ao sonhar as nobres atitudes
Das esfinges deitadas nos confins do mundo,
Parecendo adormecer no seu sonho sem fim;
Há mágicas centelhas nos seus rins fecundos
E alguns farrapos de oiro, alguma areia fina,
Estrelando vagamente as místicas pupilas.
(in As Flores do Mal; trad. Fernando Pinto do Amaral, ed. Assírio & Alvim, 1996)
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